You are currently viewing Devoção

Devoção

Gratidão, gratidão, gratidão… palavra-poder que caiu na vulgaridade do verbo da palavra, e perdeu-se na luxuria da espiritualidade de boutique.

Aprendo mais sobre gratidão nos olhos dos velhinhos, do que nos jovens hippies que me enchem de teses filosóficas.

A verdade é que está na moda dizer que se é grato. “Gratidão” é fashion verbal. Mas eu acho que dizemos isso porque se sabe que assim tudo vem até nós com facilidade.

Será então, a vontade de agradecimento, uma carência? Um desejo oculto de receber? Damos para receber. Tornamo-nos falsos generosos que em algum ponto exigiremos cobrança?

Tudo isso é humano, mas também tudo isso podemos lapidar quando o ‘ser melhor’ é um valor inegociável. Ser melhor, não pelos outros, mas por nós. E aí sim, transbordamos, e naturalmente projectamos esse excesso nos outros, no mundo.

Uma das técnicas que integra uma prática completa de SwáSthya é o pújá (ao local que nos acolhe, ao professor que nos guia, e a todos os outros professores que perpetuaram o que recebemos agora). Pújá significa oferenda, honra, retribuição ética de energia ou força interior.

O pújá é a parte mais importante da prática. O pújá é parte mais importante da vida.

[O sádhana é o tatami da vida] 

E como vivenciamos este estado, espontaneamente, sem esperar retorno?

Olhando para tudo o que temos que é realmente importante: ‘aquelas’ pessoas, o nosso corpo, a nossa vida…

Tudo isso é passageiro. A vida é um leasing. Só vivendo em pura devoção à vida podemos salvar o nosso mundo. Só isso nos salva.

O primeiro presente que nos é dado é a vida, o segundo é a vivência do amor.

A vida como ela se revela por si só, já é magia.

Dedicarmo-nos ao amor e auto-amor cria a percepção do valor da vida, dos pequenos milagres do dia-a-dia, e do nosso valor no mundo.

Com devoção a tudo o que é sagrado, e

com Amor, Sonia

Esta foto é um registo de Bali. Todas as manhãs fazem o Canang Sari, numa fusão simbólica dos quatro elementos.

É claro que comecei a fazer também em minha casa, adaptado 🙂

Canang Sari deriva das palavras balinesas sari – essência – e – canang – pequena cesta de folhas de palmeira. 

Enquanto a maioria dos costumes religiosos são feitos com a intenção de pedir algo, as Canang Sari são um acto de gratidão eterna. A sua base simboliza três poderes – criação, preservação e unidade – encarnados por três divindades hindus, Brahma, Vishnu e Shiva, respectivamente.

Leave a Reply