Que a Primavera faça com os nossos corpos o mesmo que faz com as flores

Nos inicios nem sempre a perspectiva é a mais favorável, mesmo com as expectativas no banco dos suplentes.

Queremos tanto crescer, realizar sonhos, evoluir nos relacionamentos, fazer mais das coisas que fazem bem a alma e prematurizar futuros brilhantes.

Viciamo-nos nas histórias que queremos contar um dia.

E, de repente, nesta ansiedade de brilho faz-se luz nos instantes que trazem a simplicidade do belo. Pintar a vida com estas cores, azul céu e cinza clarinho.
O momento prevalece ao infinito, porque o infinito se faz deles, onde a vida se comunga, onde o caos convive com a tranquilidade fogosa. E nesse convívio íntimo podemos ser plenos.

Um ano pleno a todos.
21 Março 2023, 05:55h

Contribuição

A minha vida é contribuição. Não faz sentido separar a minha vida do meu trabalho. Claro que tenho caixinhas, a caixinha da vida pessoal, dos amores, da familia, dos amigos, do trabalho, dos projectos para realizar. Todas as caixinhas se nutrem dos mesmos valores, e todas elas se estruturam na minha verdade. Mesmo quando não somos professores estamos sempre a ensinar. O exemplo é uma arma poderosíssima. A própria guerra só existe porque alguém a viu fazer antes. Ou será que alguém inventou a guerra? Com certeza, alguém ou alguns, em tempos diferentes da historia da humanidade, tiverem um glimpse, uma ideia, uma inspiração. Com certeza o exemplo se propaga muito mais veloz que o ensinamento de um livro, o sabor de uma história ou a sabedoria do inconsciente colectivo. Um dos privilégios do ser humano é a escolha. O poder da ação, seja na densidade de actuar, seja na subtileza da mudança de atitude. Transformar o mundo com o que nós somos, colocando a nossa verdade lá fora, sendo quem realmente somos, sem mochilas metafóricas, sem máscaras disfarçadas. Isso é um privilegio, pois nele reside também o nosso maior legado. A nossa vivência é uma inspiração. Um ponto de partida para outros seres, que tal como nós, aguardam convites e sinais, para se colocarem em sintonia com o o universo, naquele que é das leis naturais mais fantásticas: tudo esta em constante movimento. A inspiração é o impulso que precede o movimento.  Somos inspiração, mesmo sem dar conta. Ao atuar em coerência somos tal qual a chama de uma vela que pode dar luz a tantas outras, infinitamente. Ter esse poder e ser essa responsabilidade, não sobre os outros mas a responsabilidade de sermos reais, frágeis, e poderosos, enfim, sermos humanos. Com amor Sonia

Sê plural como o Universo

“Sê plural como o Universo” Fernando Pessoa Nascemos, ganhamos uma vida, que nem video game. Inicia a contagem decrescente … Crescemos, ganhamos maturidade e perdemos a imoralidade do “sim a tudo”. Ganhamos moralidade e assimilamos cultura e educação. Perdemos o nosso mundo particular, disfarçamos a nossa autenticidade, e a magia do que somos. Crescemos mais um pouco, e ganhamos uma vida adulta independente. Perde-se a pureza e ingenuidade de uma meninice. Ganha-se um cônjuge e na “certeza” de uma aliança, ganha-se uma ilusão de um ‘para sempre’ e perde-se a tesão do ‘casar todos os dias’. Ganha-se a segurança de um emprego e o conforto de um salário. Perde-se o ideal, a tesão e visão de Mundos novos. Ganhamos “o que fazer?” e perdemos “os porquês???” Na complexidade das nossas atitudes tornamo-nos singulares. Quando envelhecemos a única coisa que ganhamos é idade! Deveríamos ser todos matemáticos: Simples, que nem a Natureza, e vivenciar a diversidade nessa simplicidade. Envelhecer e ganhar dias, horas … Ganhar Vidas, que nem video game!

Nascer todos os dias

E se a nossa verdade fosse a chave para a liberdade?
E se as nossas verdades marcassem o sucesso para a nossa integridade e bem-estar?

E se essas verdades liberam-nos, como desenhar a vida como a bem entendermos?

Só existe um exemplar de nós. Isso não dá tesão de auto-conhecimento?

Maravilhoso é poder nascer todos os dias. Incrível é nos apresentarmos ao Mundo, todos os dias, com um EU mais verdadeiro, como se nos conhecêssemos pela primeira vez.

Prazer em me conhecer!

Com Amor,

Sonia

Desapego

A escola do DeROSE Method Cascais, para não nos desabituar das suas atividades ‘fora da caixa’ radicais, deixaram-nos mais um desafio.
O desafio era leva-nos a reflectir sobre a importância que os objectos tem na nossa vida. Entre o valor sentimental e o utilitário, teríamos que reunir 10 deles.

Escolhi o telemóvel, o mate, dois dos meus livros de cabeceira, o bloquinho de notas, um herói que me inspira, uma roupa que eu viveria nela para sempre… A minhas alianças de compromisso comigo: um anel de formato de coração que raramente saí do dedo, e a medalha do ÔM que sempre descansa e balança ao meu peito.

São apenas coisas materiais, mas o que elas representam é imensurável.

O facto de nos últimos 15 anos anos ter mudado de país 2 vezes e de casa 17 vezes, tudo me parece possível. É insano pensar as vezes que tive que escolher só mesmo o que precisava e recomeçar. Sim! Escolher só mesmo o que precisava para poder recomeçar. 

Agarramo-nos a um passado e a um destino inventado. Perseguimos coisas, títulos, reconhecimentos…. são a nossa Atlântida para o ego.

Buscamos alívios na nossa insana busca de grandiosidade, mas elegante é viver com leveza. Escolher só mesmo o que precisamos parece-me um bom caminho para viver com mais significado, com mais amor, gratidão e paixão.  

A sensorialidade é do melhor que temos, da nossa intimidade, que deveremos carregar, para nos tornarmos livres e poder viver com intensidade.

Ficar cá dentro

E, finalmente, vamos percebendo a gigante diferença entre ficar parado e não fazer nada! Ficar parado obriga-nos, inevitavelmente, a olhar para dentro e isso é fazer tanto tanto tanto. Os encontros com as nossas sombras, pequenez, mediocridade, desgastam imenso. Só para depois relembrar, nesses instantes, que o universo é feito de buracos negros, de muita escuridão, mas também é berço de vida, de preliminares cósmicos que geraram as flores e o sol, é feito de fogo das estrelas e do poder da lua que inspira poetas e amantes.

Sawabona – Shikoba

It is not only technological advances that have marked the start of this millenium.
 
Affectionate relationships are also going through profound transformations and revolutionising the concept of love.
 
What we search for today is a relationship compatible with the modern times, in which exists individuality, respect, happiness and pleasure to be together, and no longer a relationship of dependence, in which one person is responsible for the well-being of the other.
 
The idea of one person being the remedy for our happiness, which was born with romanticism, is destined to disappear at the start of this century.
Romantic love is based on the assumption that we are a mere fraction and that we need to meet our other half to feel complete.
Often it happens even as a process of depersonalization that historically, has affected women more.
She abandons her characteristics to amalgamate herself with the male project.
 
The theory of “opposites attract” also comes from the same root: the other has to know what I do not know. If I am gentle, he should be aggressive, and so forth.
A practical idea of survival, hardly romantic by the sounds of it.
 
The word to look out for this century is partnership. We are changing the love of necessity for the love of desire. I like and desire company, but I do not need it – this is very different.
 
With technological advances, that demand more individual time, people are losing the fear of living alone, and are learning to live better with themselves.
They are starting to realize that they feel a fraction, but are whole.
The other, with whom you create a link, also feels a fraction. He is not the prince or the saviour of anything. He is only a companion on a journey.
 
Man is an animal who will go on changing the world, and afterward has to keep reinventing himself to adapt to the world that he created.
We are entering an era of individuality, that has nothing to do with egoism.
The egoist does not have his own energy, he feeds himself on the energy of others, be it financial or moral.
 
A new form of love, or more love, has a new features and meaning.
It aims for the coming together of two wholes, and not the union of two halves.
And this is only possible for those who manage to work on their individuality.
The more an individual is capable to live alone, the more prepared s/he will be for an affectionate relationship.
 
Solitude is good, to be alone is not shameful. On the contrary, it gives dignity to a person. Good affectionate relations are great, they are very similar to being alone, nobody demands nothing of nobody and both grow.
Relationships of domination and exaggerated concessions are things of last century.
 
Every brain is unique. Our way of thinking and acting do not serve as a reference to evaluate anyone. Many times, we think that the other is our soul mate and, actually, what we did was to reinvent him/her to our taste.
 
Everyone should spend some time alone every now and again, to establish an inner dialogue and discover your personal force.
 
In solitude, the individual understands that harmony and peace of the spirit can only be found inside him/her and not from the other person.
To realize this, s/he becomes less critical and more understanding of differences, respecting the way of each person.
 
The love of two whole people is more healthy. In this type of connection, there is the coziness, the pleasure of company and the respect of being loved.
It is not always enough to be forgiven by another, sometimes you need to learn to forgive yourself…
 
In case you are curious to know the meaning of SAWABONA, it is a greeting used in the south of Africa that means: “I respect you, I value you, you are important to me”.
 
In response, people say SHIKOBA which is: “Therefore, I exist for you”.
 
By Flávio Gikovate

Entrega

Moldamos o nosso destino a cada momento ou temos um destino ja desenhado que deseja ser traçado?

É logicamente depreciativo pensar que o destino está pré-definido, numa altura que empoderamento humano e propósito de vida coexistem tanto no quotidiano. A ideia que somos senhores do nosso destino e que o moldamos a cada instante segundo as nossas vontades, é ideal como ferramenta de realização, mas também nos prende no topo do iceberg do universo das possibilidades. Aquilo que em nós é consciente, os nossos padrões comportamentais e a nossa persona, é infinitamente pequeno relativamente a tudo aquilo que desconhecemos, em nós e sobre as leis do universo. Não somos o que pensamos, somos tão infinitamente mais do que isso, que precisaremos de muita vida para um ‘glimpse’ do que poderíamos ser. 

Quando levo a minha vida num padrão racional sinto a minha vida bloqueada de possibilidades redutoras. Não tenho uma lógica clara sobre isso, mas uma sensação muito real, muito presente, prioritária e sobretudo urgente perante a vida. A ideia que temos um universo de possibilidades para os quais temos que nos dispor, é de igual modo, tão incerta quão é de libertadora.

Entrega não é displicência, nem falta de responsabilidade. Entrega é desapego e inteligência, e quanto mais aceito este registo mais a vida me agracia. Entrego-me a este magnetismo, um poder maior do que o meu, como um forjar íntimo, faz-me descobrir melhor os meus segredos, o contínuo transformar e permitir-me a saídas criativas para os meus sentimentos.

Não é dar-se por vencido, mas deixar de resistir. Não é deixar-se dominar mas doar-se inteiramente. No meio das incertezas, dou-me conta de uma insegurança que tranquiliza, e não uma alucinação de controlo que auto-sabota.

É um outro nível de entrega.  Uma entrega que a mim me parece genuína quando feita quando o amor é pleno, por nós e pela nossa existência. Transcende o que somos.

É confiar-me a um nível de coragem de ‘pôr a vida nas mãos da vida’. Permito-me sentir insegura.

Honro essa insegurança. É nela que alimento a minha paixão.

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