Sonhos. Os designos da alma.
Sonho não é capricho, não é ambição, não é fantasia, mas sim a expressão mais amorosa que podemos ter da nossa existência humana. Tentei sempre não os subestimar, mas às vezes deixo-os na almofada fofa da inércia. Tudo tem o seu tempo, e o tempo é um grande Mestre.
Os sonhos são o nosso grande combustível da vida. Ter sonhos e viver para eles e por eles, transformam-nos no ser humano que precisamos ser para que eles aconteçam.
Quando eu era criança sempre sonhei ser bailarina. Nunca fui estudar dança e nem nunca fui dançar num palco. Mas o sonho de querer ser bailarina, fez-me uma bailarina hoje. Tudo o que idealizei do que é ser bailarina, hoje reconheço-o em mim, quando dou ao meu corpo a oportunidade de se mover livremente e de sentir a energia a expressar-se. Tive uma vida toda a aprender a ser bailarina, e ainda sinto muito a ser treinado para “concretizar” esse sonho. Mas sinto-o a viver dentro de mim de forma real. O sonho de querer ser bailarina ensinou-me a dançar em todos os palcos.
Desde adolescente quiz ir viver para Londres, o fascínio pela diversidade cultural e sobretudo pela música. Sempre tem que ter uma banda sonora para tudo nesta vida. Londres era como uma grande coluna de som, e o meu ouvido só queria lá estar. Aos 29 anos fui. Londres fez-me morrer e renascer tantas vezes, sem descanso, dinamicamente. E assim, o sonho de querer ir para Londres fez-me ser fénix, e aprender sobre o som dos recomeços. Até porque no inicio, no universo, tudo era apenas som.
Desde sempre tinha o sonho de ter liberdade, não sabia bem de quê e confesso que ainda a busco. Sempre amei as minhas profissões, amar o que gosto de fazer é tipo amor incondicional. Eu sou o meu trabalho. E não podem haver condições nesse amor, que somos nós. Mas eu queria ter liberdade e a liberdade custa muita coragem. O sonho desta liberdade, custou a coragem de largar um trabalho seguro e me aventurar. Este sonho ensinou-me a confiar profundamente na vida, em mim, e no que eu entrego ao mundo.
Há muitos muitos anos que tenho o sonho de surfar, juntar o amor pelo mar e pela dança. Para mim surfar é dançar com as ondas. O sonho de surfar está a ensinar-me a curar traumas, enfrentar medos, e a divertir-me com eles.
Há alguns anos que tenho o sonho de uma comunidade. Ainda não sei bem o que tenho que aprender para isso, nem os moldes em que me preciso forjar ainda. Sinto que será um espaço seguro de expressão de individuação, em que a cola será a conexão e a integração.
Isto não é sonho de princesa. É sonho de quem é dragão.
p.s Escolhi esta foto do Egipto, porque este lugar também foi, em tempos, um sonho de viagem, que quer voltar a ser revisitado. Um sonho inspirado pelo livro ‘ O alquimista’, guiado a acreditar num tesouro escondido nas pirâmides. Hoje sinto que muito ainda tenho a desvendar, nas pirâmides, sobre os grandes mistérios do universo. Mas também já sei onde está o meu tesouro.
“Escuta o teu coração. Ele conhece todas as coisas. Porque onde ele estiver, é onde estará o teu tesouro” (O Alquimista, Paulo Coelho)
Um grande ámen a todos os grandes alquimistas, que acreditam no invisível, e por isso, só por isso, fazem magia porque são magia.