Ser o sonho, na gente.

A água e a terra celebram-se em matrimonio no templo, o nosso corpo. A água interna quer ser vista, urge a necessidade do sentir, que é verbo-acção. As células não querem mais apenas química e biologia. Elas querem alquimia, a realidade da vida, que é a experiência emocional. 

O corpo não quer mais as velhas ideias de como tem que sentir ou viver. Oprimir a corrente emocional é lutar contra o fluxo da vida, a nossa força vital. Uma luta interna que aparentemente fortalece o ego, mas na verdade apenas nos violamos. 

O que molda as águas é a terra. A rotina das marés molda-se no mar. A rotina do leito molda-se no rio. O sentir molda-se no corpo. A rotina é uma benção para um corpo que honra o coração como imperador. Sem disciplina de aprendizado o coração é uma tormenta, e a sensibilidade uma tempestade.

A terra, calma e serena, contorna as águas. A água precisa de um copo para ser tomada. A terra é um cálice, e desenha-se em nós no nosso corpo, tal que um cálice da vida que define contornos , o limite físico da nossa pele, mas também todos os outros limites. Só entra em nós quem quisermos que entre.

E assim, na aliança entre tudo o que pode ser vivido nas águas internas, irradiamos, florescemos, crescemos, expandimos. Sempre me lembro das margens do rio Nilo, da riqueza que existe nas suas margens, e logo mais o deserto seco que se avista. E ainda assim existe beleza em tudo. A vida é experiência, seja a nossa imagem espelhada na água, a ilusão do calor das areias, seja a certeza da nossa intuição.

A vida é a experiência. Gosto de viver como uma criança curiosa, observadora, que quer aproveitar tudo. A vida é uma dádiva a cada instante , e nós somos uma potência quando nos abrimos internamente e nos permitimos sentir tudo em todo o espectro possível. Passamos de humanos a sobre humanos. Somos o sonho, em nós. Somo um cálice sagrado que toma a vida.

“Sonia, só tem o que tu mais gostas.” Esta foi a resposta, enquanto escolhia das 22 possibilidades de gelados, no fim de tarde que fui ver o por do sol e nascer da lua cheia.

“Sonia, só tem o que tu mais gostas.”